terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Galeria de fotos de Marc Ferrez do MN/UFRJ

http://www1.folha.uol.com.br/folha/galeria/album/p_fotos_antigas_01.shtml
Curador Benedicto Rodrigues

CNPq Diretório de Linhas de Pesquisa

Linha de PesquisaGeologia da bacia calcária de São José de Itaboraí e seu entorno
Linha de pesquisa
Geologia da bacia calcária de São José de Itaboraí e seu entorno
Nome do grupo: Parque Paleontológico de São José de Itaboraí
Palavras-chave: estratigrafia; estrutural; geofísica; geologia; modelagem; petrografia;
Pesquisadores:
Benedicto Humberto Rodrigues Francisco
Joel Alves Moura
Miguel Angelo Mane
Sérgio Bergamaschi
Vitor Manoel Rodrigues do Nascimento
Estudantes:
Anderson Carlos dos Santos Baptista
Ricardo Ribeiro Percilio
Árvore do conhecimento:
Ciências Exatas e da Terra; Geociências; Geologia; Estratigrafia;
Ciências Exatas e da Terra; Geociências; Geofísica; Geofísica Aplicada;
Ciências Exatas e da Terra; Geociências; Geologia; Geologia Regional;
Setores de aplicação:
Formação permanente e outras atividades de ensino, inclusive educação à distância e educação especial
Outras atividades de assessoria e consultoria às empresas
Produtos e serviços voltados para a defesa e proteção do meio ambiente, incluindo o desenvolvimento sustentado
Objetivo: Desenvolver estudos estratigráficos, geofísicos, estruturais e geomorfológicos da área compreendida pela bacia calcária com vistas ao aprimoramento e ampliação da base de dados atualmente disponível, em especial visando conhecer os processos que atuaram na sua formação e modelagem.

ABPEF- Parceria

SOLO, SAÚDE E AMBIENTE: SÍTIOS CONTAMINADOS E A IMPORTÂNCIA DE INFORMAÇÕES GEOAMBIENTAIS PARA PLANEJAMENTO DO TERRITÓRIO
1/12/2004
18:00h
Clube de Engenharia Av. Rio Branco, 124 - 22º andar
Geógrafo Anderson Chagas de Oliveira - Fiocruz Geólogo Cassio Roberto da Silva - MME/CPRM Geólogo Benedicto Rodrigues - APG
Mais informações cassio@rj.cprm.gov.br

DIVULGAÇÃO ORIGINAL DO EVENTO

A Associação Brasileira de Profissionais Especializados na França - ABPEF é uma associação, sem fins lucrativos, fundada em 30 de setembro de 1961, no Rio de Janeiro, com o nome de Associação Brasileira dos Ex-Estagiários da Cooperação Técnica Francesa, com a sigla ABEF, tendo como finalidade congregar profissionais técnicos que tivessem feito estágio na França com bolsas concedidas pelo governo francês.Posteriormente, embora mantendo a mesma sigla - ABEF- a associação passou a ter as denominações, primeiramente de Associação Brasileira dos Estagiários Técnicos na França e mais recentemente de Associação Brasileira dos Estagiários na França, quando passou a incluir em seus quadros todos profissionais com cursos ou estágios na França.Em decisão da Assembléia Geral dos associados realizada em 16/05/94, a ABEF passou a se chamar Associação Brasileira dos Profissionais Especializados na França, com a nova sigla ABPEF, mais consentânea com a realidade, e objetivando valorizá-la cada vez mais.A finalidade primordial da ABPEF continua a ser a de congregar todos os profissionais que tenham algum vínculo com a França, através de estágios ou cursos, de nível médio ou superior, realizados naquele país, com bolsas ou não, objetivando manter o relacionamento técnico-científico e cultural entre os dois países.
REALIZAÇÕES DA ABPEFAs principais realizações da ABPEF nos últimos anos têm sido os Seminários Franco-Brasileiros, Video Conferências ou Congressos realizados anualmente, sempre sobre um tema da atualidade. Foram os seguintes os Seminários realizados:
1990 - Seminário "Técnicas de Irrigação"
1991 - Seminário "Lixo Urbano e Lixo Hospitalar"
1992 - Seminário Ä Conservação de Energia"
1993 - Seminário "Tratamento, Estocagem e Distribuição de Gás"
1994 - Seminário "A Tecnologia Hospitalar"
1997 - Seminário "Cogeração -Produção Combinada de Eletricidade e Calor a Partir do Gás Natural"
1999 - Seminário "Telemedicina"
2000 - Seminário - "A Política Francesa para o Tratamento de Resíduos"
2004 - Vídeo Conferência "A Gestão da Água"
2005 - VIII Congresso Brasileiro de Defesa do Meio Ambiente (VIII CBDMA)
2006 - Seminário Internacional entitulado: A Importância das Tecnologias da Informação na realização de grandes eventos esportivos e culturais. Caso concreto: Jogos Panamericanos Rio 2007
2006 - Seminário sobre políticas públicas para transporte, habitação e saneamento
2006 -Seminário Franco-Brasileiro de Produção de Eletricidade por Tecnologia Nuclear"
2006 - Seminário sobre Transporte Leve Sobre Trilhos
2007 - Plataformas Logísticas Intermodais
2007 - Simpósio Franco-Brasileiro de Transportes Urbanos
2008 - IX Congresso Brasileiro de Defesa do Meio Ambiente (IX CBDMA)

Geologia Médica


Geologia e saúde geram uma nova ciênciaEmbora há muito conhecida pela ciência, a geomedicina só vem sendo recentemente utilizada e sistematizada no Brasil. O geólogo Benedicto Rodrigues, que realizou as pesquisas pioneiras sobre o tema no País, explica que a geomedicina ou geologia médica, na verdade é uma ciência bem antiga, que remonta aos primórdios da própria medicina: ao se utilizar produtos minerais para resolver problemas de saúde, como o talco usado contra assaduras, por exemplo, ou ao se identificar carências de certos elementos como causas de distúrbios. Já os estudos pioneiros e sistematização do tema foram provavelmente realizados na China e na Índia, principalmente desde a segunda metade do século passado.Atualmente, a geomedicina está mais concentrada sobre o estudo de componentes metálicos ou minerais naturais no solo ou na água que podem, em determinadas circunstâncias ou quantidades, ser extremamente prejudiciais à saúde dos seres humanos, causando danos a comunidades inteiras.Uma das doenças que vem sendo bastante discutida é a Fluorose. É causada pelo excesso de flúor disponível na água e num primeiro momento seus sintomas são manchas brancas nos dentes e num estágio mais avançado dor nas articulações. A concentração de flúor ideal na água é de 1 ppm (parte por milhão) nos climas frios. Em regiões mais quentes onde o consumo de água é maior, costuma-se aplicar 0,7 ppm na água. O problema pode ocorrer em regiões onde a água já apresenta um alto índice de flúor em sua composição, em razão de componentes naturais no solo da região.
A geóloga Maria Paula Casagrande Marimon está pesquisando o alto teor de flúor na água subterrânea consumida nas áreas rurais rurais de Venâncio Aires e Santa Cruz. Lá, detectou comunidades com cerca de 300 crianças em que praticamente todas estavam com fluorose. Poços, já desativados, chegam a atingir uma dosagem de 12 ppm de flúor na água. A maior preocupação da geóloga é descobrir a origem do flúor, já que o solo da região não apresenta em sua composição causa direta com a origem do componente na água.O geólogo Wilson Scarpelli comenta sobre uma das anomalias naturais encontradas no País, a baixa estatura das pessoas na região de Paracatu, em Minas Gerais. Acredita-se que o fenômeno possa ser causado pelo alto índice de zinco encontrado naquela localidade. O geólogo acrescenta outros exemplos, como a incidência maior de casos de câncer em áreas onde se observa excesso de arsênio. Scarpelli alerta, no entanto, que os problemas geralmente ocorrem em comunidades cuja obtenção de alimentos e água está diretamente ligada à localidade onde vivem. Ainda assim, outros fatores além daqueles ligados diretamente à alimentação, também precisam ser considerados. De acordo com Rodrigues, áreas com minerais radioativos podem ser problemáticas. As rochas com urânio devem ficar longe das habitações e descartadas como material de construção. Uma pesquisa divulgada em maio deste ano pelo Imperial Cancer Research Fund (ICRF), ligado à Universidade de Oxford, na Inglaterra, mostrou que existe uma ligação muito mais preocupante do que se pensava entre gases de radônio (elemento químico gasoso, pesado, radiotivo, pertencente ao grupo dos gases nobres ) e o câncer de pulmão. Conhecida apenas entre mineradores, a contaminação por radônio atinge também a população residente em regiões onde há alta incidência deste gás (que é natural em muitas regiões), aumentando o índice da doença entre as pessoas expostas em cerca de 20 por cento.Por causa de estudos como este, o maior mote da geomedicina vem sendo a prevenção. O intercâmbio com a medicina e a obtenção de dados estatísticos precisos na área de saúde são, também, fundamentais para o crescimento dos estudos na área. Rodrigues estima que existam hoje no Brasil cerca de 100 geólogos atuando nesta área. Espera-se um grande crescimento nas iniciativas na geomedicina após o workshop que acontecerá entre os dias 14 e 16 de outubro, na Unicamp, em Campinas/SP.
Publicado pelo Jornal do CREA-RS - Outubro / 2003 - Ano XXIX - Nº 06

sábado, 20 de dezembro de 2008

ECOLOGIA HUMANA

ECOLOGIA HUMANA

Francisco Octavio da Silva Bezerra
Centro Brasileiro de Arqueologia
cba@cbarqueol.org.br e sobenet@gmail.com
A Ecologia Humana é a mais nova subdivisão da Ecologia Geral. No Brasil os cursos de extensão da disciplina datam de menos de meio século. No exterior seus estudos são também relativamente recentes (1922).
A nova disciplina fundamenta-se em três ramos científicos a saber: Ciências da Terra, Ciências da Vida e Ciências do Homo. Os estudos incluem noções de Primatologia, do aparecimento do Homem, da cultura e suas características e dos problemas decorrentes da ação transformadora dos humanos na Biosfera.
Para tal torna-se necessário: compreensão do papel modificador da cultura no ambiente no presente e no passado; recordar os princípios básicos da Ecologia e procurar aplicá-los ao se cosmopolita por excelência; rever as características diferenciais entre os primadas não humanos e os sapiens e reativar os conhecimentos contemporâneos do impacto da ação humana na Terra.
Dentre os fenômenos relativos ao último item destacam-se a poluição, a extinção das biotas, a relação da produção alimentar e o crescimento populacional, a ação do sapiens modificando o Meio e a conseqüente reação do Ambiente Natural, as atividades predatória humanas, verdadeiro circulo vicioso que alguns denominam efeito bumerangue.

palavras-chave: Humana Ecologia Ciências


A LITODIVERSIDADE FLUMINENSE-I

Por Benedicto Rodrigues *

A litosfera é a camada sólida que envolve o globo, situando-se entre a atmosfera e o manto, ela é constituída, principalmente, por rochas semelhantes as que afloram na superfície: granitos, migmatitos, basaltos, rochas metamórficas, rochas sedimentares, e mais profundamente por diabásio, rochas ultrabásicas etc., além do solo que se origina a partir da sedimentação dessas rochas.
Todas as rochas da crosta terrestre são formadas por minerais, que são elementos ou compostos inorgânicos. Ao todo são conhecidos mais de dois mil minerais, sendo que apenas cinco são os principais constituintes das rochas ígneas e são os minerais mais abundantes da crosta terrestre: feldspato, quartzo, piroxênios, anfibólios e micas, os outros minerais aparecem em menor quantidade, geralmente como minerais acessórios.
As rochas ígneas são formadas devido ao resfriamento do magma, que se origina na parte inferior da litosfera, Isto é, no manto.
Todas as rochas da crosta passam por um ciclo, através de processos geológicos externos (exógenos) e internos (endógenos). Os processos externos consistem em intemperismo ou meteorização, ou seja, a redução das rochas expostas na superfície da crosta terrestre sob a influência de agentes químicos ou físicos. O material desagregado é então transportado pelo vento, a água, o gelo ou ação da gravidade para outro local onde é depositado, começando um processo de sedimentação ou acumulação, que sofre compactação devido à pressão exercida pelas massas sobrepostas, originando as rochas sedimentares. Este processo chama-se diagênese.
Outro ciclo pode ocorrer a partir da diagênese: transformação da constituição mineralógica da rocha, condicionada especialmente pelo aumento da temperatura e da pressão, podendo produzir desde dobramentos até metamorfismo da rocha, o que pode também acontecer com as rochas ígneas.
Tanto as rochas ígneas, quanto as metamórficas e as sedimentares podem sofrer ascensão, expondo-se ao intemperismo ou a temperatura pode aumentar muito, resultando na fusão do material.
Os solos, ou seja, a porção da crosta terrestre formada por sedimentos, formam-se a partir de meteorização das rochas. O processo de meteorização se dá em duas fases: física e química que são a desintegração e a decomposição das rochas.
As plantas e os animais também desempenham papel importante na alteração das rochas. As raízes das plantas penetram em fraturas e durante seu crescimento desenvolvem uma força tal que ultrapassa a resistência da rocha, rompendo-a.
Além da ação dos restos vegetais decompostos que fornecem substâncias húmicas, outros seres vivos, em sua maioria pequenos, constituem agentes que desenvolvem atividades químicas destrutivas para as rochas. As superfícies das rochas são habitadas, normalmente por algas, musgos, liquens, bactérias, fungos etc. A atuação desses organismos é exercida pela secreção de produtos químicos que reagem com a composição da rocha. Outras plantas de ordem superior atacam as rochas pela necessidade de extraírem dela elementos como K, Ca, P, S etc. indispensáveis a sua subsistência.
Os solos, genericamente, são constituídos de matéria mineral, matéria orgânica, umidade e ar, o que cria a base para a sobrevivência dos seres vivos, desde os mais simples até os mais complexos. Não podendo a geologia ser esquecida ou inferiorizada na preocupação com o meio ambiente e no estudo da ecologia atual.
A preocupação de uma utilização verdadeiramente racional da terra tem proporcionado, nos últimos tempos, uma busca de metodologias adequadas que expresse as possibilidades do meio e que represente um aproveitamento equilibrado do ecossistema. O êxito da exploração da terra está no conhecimento de suas possibilidades e da relação que existe entre ela e o meio ambiente.
O meio físico é um complexo resultante da interação de um conjunto de fatores naturais e sua compreensão e conhecimento é fundamental para um manejo adequado, de modo que possa ser conservado e ter aumentada sua potencialidade produtiva.

*Geólogo, Vice-presidente do Centro Brasileiro de Arqueologia- CBA.
** Matéria para divulgação, permitida reprodução, desde que citado o Autor

A BACIA DE SÃO JOSÉ DE ITABORAÍ


XX CONGRESSO BRASILEIRO DE PALEONTOLOGIA
A bacia de São José de Itaboraí da descoberta em 1928 ao Parque Paleontológico em 2007

Vanessa Maria da Costa Rodrigues-Francisco
Benedicto Humberto Rodrigues-Francisco

Em 25 de Fevereiro de 1928 uma análise química de amostra proveniente da fazenda São José, no município de Itaboraí, Estado do Rio de Janeiro, evidenciou a ocorrência de calcário até então desconhecida na região. A análise da amostra, efetuada no Laboratório da Produção Mineral do DNPM, por Marysia Fontoura, revelou a presença de óxido de cálcio (53,68%) e óxido de Magnésio (2,96%). A partir dessa descoberta a ocorrência despertou a atenção da incipiente indústria de cimento. Havia apenas uma fábrica operando em São Paulo. O Brasil importava o cimento de que necessitava em barris de madeira. Manifesto de lavra foi concedido para Companhia de Cimento Portland Mauá em 1935. A fábrica foi construída em Guaxindiba, São Gonçalo. Acorreram os pesquisadores em busca de informações sobre a ocorrência de uma nova bacia sedimentar. Os primeiros fósseis foram coletados e enviados para Carlota Joaquina Maury, nos EUA. Em 1935, Vitor Leinz realizou os primeiros estudos geológicos publicando os resultados com uma hipótese sobre sua origem e evolução. Inúmeros trabalhos surgiram sobre a fauna e a flora, estes em menor número. A explotação de calcário continuou até o início da década de 80, quando se notou o esgotamento da reserva não obstante alguns esforços no sentido de se encontrar a continuidade da bacia nas proximidades. O fato levou e empresa mineradora a optar por explotar calcário em outra região do Estado do Rio de Janeiro. Com a desativação da pedreira a água passou a ocupar o espaço surgindo aos poucos uma lagoa cuja água é utilizada para abastecer a população local. Serve também como área de lazer com a prática de pesca de anzol.
Os professores Fausto Cunha e Benedicto Rodrigues percebendo desde logo o risco ao patrimônio geopaleontológico recorreram ao IPHAN solicitando o tombamento da bacia. Infelizmente não obtiveram sucesso. A professora Maria Beltrão havia tentado, simultaneamente, mas sem sucesso, o mesmo recurso. O insucesso, contudo não desanimou os pesquisadores. Em 1990 a Prefeitura desapropriou a área e em 1995, depois de muita luta, os geólogos José M.M. Caniné e Benedicto H.R Francisco lograram o primeiro e importante êxito político em suas ações visando à proteção definitiva do sítio geológico e paleontológico. O prefeito João César a Silva Caffaro resolveu criar o Parque Paleontológico de São José de Itaboraí por decreto lei 1346, em 12 de dezembro de 1995.
Através da portaria 304/97, em 21 de maio de 1997, o prefeito Sérgio Alberto Soares nomeou a Comissão Gestora do Parque Paleontológico de São José. Em seguida, os mesmos pesquisadores prepararam o Projeto do Parque e iniciaram a busca pelas verbas. Em 2000, por iniciativa do professor Benedicto Rodrigues foi promovido o abraço simbólico por ocasião do quinto aniversário de criação do Parque.
Finalmente com a entrada do Instituto Virtual de Paleontologia da Faperj, através da iniciativa da professora Maria Antonieta Rodrigues algumas ações significativas tiveram lugar. Primeiro a adoção do Projeto Jovens Talentos Cecierj/Faperj possibilitou a aprovação de cerca de vinte bolsas para estudantes da escola estadual Francisca Carey. Os estudantes passaram a ser orientados por professores ligados ao Parque. O sucesso desta iniciativa acabou desembocando no apoio da Petrobrás. Com a verba da Estatal foi possível a recuperação de alguns imóveis do Parque visando à implantação de cursos profissionalizantes, um museu, uma biblioteca e um setor de informática. O esperado é uma continuidade das ações e que os apoios sejam efetivos para que o Projeto do Parque Paleontológico finalmente seja concretizado com enormes benefícios para a comunidade de São José, tão prejudicada no passado pela desativação da mineração e abandono da área.
A situação do sítio geo-paleontológico de Itaboraí somente não foi agravada graças à ação firme e destemida de parte da comunidade científica do Rio de Janeiro, que jamais desistiu de lutar pela preservação desse patrimônio de incontestável importância mundial.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Dia da Amazônia 2008

A Diretoria de Atividades Técnicas, através das divisões técnicas de Engenharia do Ambiente (DEA) e Recursos Naturais Renováveis (DRNR) promoveu, no dia 5 de setembro, solenidade comemorativa do Dia da Amazônia. Participaram do evento o presidente do Instituto Brasil Pnuma (Comitê Brasileiro do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), Haroldo Mattos de Lemos, os conselheiros do Clube de Engenharia Ricardo Maranhão e Claudio Miranda e representantes das seguintes ONGs: Rogério Luiz Jahara (Incenden), Irene Garrido (Modecon), Jorge Eduardo Durão (Fase), e Renata Moraes (Convergência).
Segundo Haroldo Mattos de Lemos, anteriormente havia a idéia de que as maiores riquezas da Amazônia estavam no subsolo.
– Em l991, um relatório do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) estimava as reservas conhecidas de minério de ferro, nióbio e bauxita, entre outras, em l,6 trilhão de dólares – levando em conta o valor médio de comercialização internacional. Mais recentemente, o Ibama estimou a riqueza da biodiversidade da Amazônia em 4,0 trilhões de dólares. Realmente faz sentido, pois em l960 uma criança portadora de leucemia tinha uma chance em cinco de se salvar com vida, ao passo em que, hoje, esta chance é de quatro em cinco. Este fato se deve à possibilidade do uso de um princípio ativo contido numa plantinha ambientada nas florestas tropicais, como a floresta amazônica – disse.
Ricardo Maranhão lembrou que a Amazônia não é somente brasileira: "ela é peruana, venezuelana, das guianas, e 60% dela está em nosso território".
– O que vem ocorrendo é a grande ausência dos poderes públicos, apesar de lá atuarem ministérios, Polícia Federal, Suframa, Ibama, Receita Federal, Forças Armadas e também a Petrobrás. Só que atuam de forma descoordenada. Precisamos fazer a integração do nosso território, sem, entretanto, transformar a região num museu – disse.
Jorge Durão falou sobre o recrudescimento da disputa sobre o destino dessa região, "sem a qual o Brasil ficaria reduzido a cerca de 40% do seu território e perderia grande parte da sua importância no mundo".
O conselheiro Claudio Miranda apresentou trabalho sobre sobre a Amazônia, que enviou para cerca de 5.000 e-mails em todo o país.

domingo, 23 de novembro de 2008

NOVAS DESCOBERTAS ARQUEOLÓGICAS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO






NOVAS DESCOBERTAS ARQUEOLÓGICAS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO



(PANORAMA ATUAL DA ARQUEOLOGIA).



CLUBE DE ENGENHARIA



DIA 25 DE NOVEMBRO DE 2008

MESA REDONDA COORDENADA PELO
CENTRO BRASILEIRO DE ARQUEOLOGIA



Na sua versão tradicional, a arqueologia é uma disciplina mítica, que se tornou popular graças aos pioneiros do século 19, do início do século 20, e aos personagens aventureiros e glamurosos de Harrison Ford e de Lara Croft. Mas na sua versão moderna, dita "preventiva", ela é dificilmente aceita por tomadores de decisão e pelo mundo econômico, suscitando por vezes propósitos de uma virulência sem equivalente a respeito de uma disciplina científica, lembra Nicole Pot, em artigo publicado na França.
O conhecimento trazido pela pesquisa arqueológica de modo mais geral pode contribuir para evitar, em todas as comunidades, o sofrimento de não possuir um passado e de possuir um futuro sem memória coletiva. Não é possível preservar um patrimônio desconhecido. O Brasil - o maior país em extensão da América do Sul - possui áreas pouco conhecidas do ponto de vista da Arqueologia e há necessidade urgente de se saber aonde e como estão os sítios.
A mesa redonda comemorativa dos 47 anos do CBA tem por objetivo colocar em evidência as novidades da arqueologia fluminense e ao mesmo tempo realçar o papel do CBA para o desenvolvimento da ciência no Estado do Rio de Janeiro, tanto na Arqueologia Histórica quanto Pré-Histórica.
Papel do CBA para o desenvolvimento da Arqueologia no Estado do Rio de Janeiro
O Centro Brasileiro de Arqueologia, fundado em 21 de novembro de 1961 é uma associação civil, de caráter técnico-científico, sem fins lucrativos, declarada de utilidade pública pela Lei 910 de 04/02/1966, tendo como objetivo congregar estudiosos em Arqueologia, Pré-história e Ciências afins, promover a realização de cursos, estudos, debates, seminários, projetos culturais, encontros, levantamentos e pesquisas em conformidade com a Lei Federal 3924 de 26 de julho de 1961, que dispõe sobre a proteção de monumentos históricos e pré-históricos nacionais.
Giselle Manes, abordando o tema “História do CBA - da fundação aos dias atuais”, discorre sobre os acontecimentos mais importantes que marcaram os 47 anos de existência do CBA na sua trajetória de divulgação da Arqueologia como ciência, realizando expedições, pesquisas, palestras, exposições e seminários, convênios e parcerias, além de um incontável número de cursos, chegando a contar, na década de 80, com mais de 500 associados, alguns deles ilustres.

Destaca a popularidade dos cursos que o CBA promovia notadamente os introdutórios à Arqueologia, realizados a partir de 1964, com sucessivas edições anuais, que visavam o ensino da metodologia da pesquisa arqueológica, e contavam com grande afluência de interessados (associados ou não). Além das aulas teóricas, o CBA promovia atraentes excursões anuais com os alunos dos cursos e os associados, dentro e fora do Estado do Rio de Janeiro, sendo a mais procurada, a de Lagoa Santa, Maquiné e Cerca Grande.

Dentre as atividades desenvolvidas pela entidade no passado, realça as famosas expedições realizadas de 1961 a 1970 à Paraíba, para documentar a Pedra Lavrada do Ingá e de Picuí, e à Roraima, para documentar a Pedra Pintada e as ruínas do Forte São Joaquim do Rio Negro. Ressaltou que, em uma dessas expedições à Paraíba, a equipe técnica do CBA encontrou um sítio paleontológico, na cidade de Taperoá, em cujas cacimbas foram encontradas fósseis de mamíferos do Quaternário, sendo parte desse material encaminhado ao Museu Nacional, Divisão de Geologia e Paleontologia.

Outra realização memorável do CBA foi a “1ª Semana do Egito”, de julho de 1964, em cooperação com a Embaixada da República Árabe Unida –RAU, ocasião em que foi lançado, pelo CBA, o primeiro número da “Revista Brasileira de Arqueologia”, hoje obra rara, patrocinada pela Embaixada, na qual há extensa matéria referente à Pedra Lavrada do Ingá, na Paraíba.

Menciona, ainda, a importante aquisição pelo CBA, em 1974, de um sítio em Magé, hoje município de Guapimirim, onde há um sambaqui, que foi batizado de “Sambaqui Arapuan” e começou a ser pesquisado em 1975 pela equipe técnica e alunos dos cursos, com autorização do IPHAN. Em 1978, o CBA montou um laboratório com subvenção aprovada pelo Conselho Estadual de Cultura e apresentou uma Nota Prévia das pesquisas na “I Jornada Brasileira de Arqueologia”, realizada no Museu do Índio nesse mesmo ano.

Dentre outras importantes realizações do CBA no presente, a realização do “I Encontro Latino-Americano de Arqueologia”, em 19 e 20 de setembro de 2005, pelo CBA em parceria com o Clube de Engenharia, e patrocínio do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), Museu Nacional (da UFRJ) e a Fundação José Bonifácio, contando ainda, com o apoio do CREA-RJ. A Dra.Maria Beltrão exalta a importância deste evento para a Arqueologia Brasileira.
Uma recente conquista do CBA em 2007 foi o reconhecimento do “Dia do Arqueólogo” pelo Município do RJ (pela Lei 5.450, de 09/07/2007) e também pelo Estado do RJ (pela Lei 5.121, de 07/11/2007.
Julio Vaz realça que a efetivação do Dia do Arqueólogo em 2007, a pedido do CBA, pelo Estado do Rio e pela Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro, foi um grande avanço da categoria dos arqueólogos. Atualmente, encontra-se em trâmite o projeto de efetivação do Dia do Arqueólogo a nível nacional. No decorrer desses anos, o CBA colecionou parcerias para o desenvolvimento de algumas de suas pesquisas. No passado foram importantes as parcerias com o Museu do índio, Museu Nacional, Universidades Gama Filho e Unisuam. Atualmente o CBA desenvolve parcerias com o SINPRO, o CREA-RJ, o Clube de Engenharia, o Parque Paleontológico de Itaboraí e o Departamento de Recursos Minerais do Estado do Rio de Janeiro onde está sendo instalada a nova sede.
Rondon Mamede Fatá menciona projetos em andamento no CBA, como a atualização do livro de Maria Beltrão, sobre o mapeamento dos sítios arqueológicos no Estado do Rio de Janeiro e a publicação da memória do CBA, desde sua criação em 1961 até os dias de hoje. Segundo Rondon, ao todo foram listados 539 sítios arqueológicos no Estado do Rio de Janeiro. Os registros encontrados junto ao IPHAN somam 320, os outros 219 são citados em várias fontes, mas não há registro oficial dos mesmos.
Homenagem ao prof. Francisco Octávio da Silva Bezerra
Catherine Beltrão, presidente do CBA, relembra a trajetória vitoriosa do CBA na gestão do Professor Francisco Octavio da Silva Bezerra e as dificuldades surgidas na instituição com o seu falecimento. Apresentação de slides mostrando a atuação do prof.Francisco Octavio da Silva Bezerra na área da Arqueologia, mais especificamente, como fundador e algumas vezes presidente do CBA. A trajetória percorrida por Francisco Octávio, o grande e último presidente do CBA, deixou marcas indeléveis por onde passou: Petrobrás, Museu Nacional da UFRJ, Sociedade de Arqueologia Brasileira, Instituto de Arqueologia Brasileira, Centro Brasileiro de Arqueologia, Instituto Histórico e Geográfico de Niterói, Clube de Engenharia. Incansável na luta em defesa da arqueologia no Brasil, conseguiu ver em 2007, à frente do CBA, a realização de uma de suas lutas: a instituição do Dia do Arqueólogo, a nível municipal e estadual. Deixou para serem concluídos os sonhos do reconhecimento da profissão de arqueólogo e do levantamento da história do CBA no contexto da história da arqueologia brasileira.
O prof. Octávio deixou de estar de corpo presente entre nós em 14 de fevereiro último. “Mas, como acontece com as estrelas deste nosso magnífico Universo, sua luz continuará chegando até nós no futuro por milhares, milhões de anos afora.”
A expansão do CBA através da Internet
Catherine Beltrão, desta vez, fala de como a arqueologia no Brasil está utilizando a Internet, com apresentação de slides sobre alguns sites mais importantes na área.
A Internet, ano após ano, vem sendo utilizada para a geração de conteúdo, disseminação de informações e comunicação entre pessoas, a níveis crescentes e jamais dantes imaginados. Hoje em dia, quem não utiliza a Internet em pelo menos uma dessas três formas, está fora de qualquer contexto social.
Desde 2005, por ocasião do I ELLA, o CBA dispõe de um site próprio, com gerenciamento de conteúdo, que vai sendo acrescido com o passar do tempo. Contando atualmente com álbum de fotos de sítios arqueológicos e personalidades em Arqueologia, além de pré-inscrição de associados e de notícias atualizadas diariamente, o CBA já pensa em oferecer a quem acessa o seu site um curso a distância, um fórum e uma biblioteca, contendo informações sobre livros, artigos, teses, dissertações, entrevistas e depoimentos na área de Arqueologia. O site do CBA também deverá abrigar o projeto FOSSIL, visando catalogar de forma virtual o acervo dos sítios arqueológicos do estado do Rio de Janeiro.
As mais recentes descobertas arqueológicas no Estado do Rio de Janeiro
No início da década de 90, a arqueóloga Nanci Vieira de Oliveira, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), tentava encontrar sinais de aldeias Tupinambás e da prática de antropofagia na região da Costa Verde, mas acabou descobrindo, em Piraquara de Fora, enseada na entrada da baía da Ribeira, em Angra dos Reis, vestígios arqueológicos referentes a indígenas que habitaram a região antes da colonização portuguesa. O sítio está localizado em terreno pertencente à Eletronuclear, que o transformará em museu e o abrirá à visitação pública até o fim deste ano. Nanci coordena as pesquisas, em parceria com o Núcleo de Estudos Estratégicos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com a participação de um grupo de 35 alunos do ensino médio de escolas da região, entre eles, onze índios da aldeia de Bracuhy, como parte do Projeto Jovens Talentos do CECIERJ/FAPERJ. Até o fim de 2008, o sítio-museu deverá ser aberto à visitação pública, onde será possível, por meio de trilhas arqueológicas, redescobrir o passado, segundo a professora Nanci V. Oliveira.
Novas descobertas arqueológicas no Estado do Rio de Janeiro surgem com os estudos realizados por Alfredo José Altamirano em Cabo Frio. Esse pesquisador solicitou parecer técnico ao CBA sobre o objeto de suas pesquisas, no sentido de determinar sua possível origem arqueológica. Para Altamirano uma área do litoral de Búzios onde ocorre rocha com formas denominadas morcego, coruja e cobra, além de pedras sulcadas, seria um centro de religiosidade dos antigos habitantes construtores de sambaquis.
O Instituto de Arqueologia Brasileira-IAB, dirigido por Ondemar Dias, vem realizando intensas pesquisas no campo da Arqueologia Histórica e desenvolvendo uma série de pesquisas em antigos engenhos do recôncavo da Guanabara, em especial na área da cidade do Rio de Janeiro, em cooperação com o antigo Departamento de Cultura (engenho do Viegas, Conceição da Pavuna, Cemitério dos Pretos Novos, Catedral da Antiga Sé e outros).
Novas datações absolutas então em andamento, com destaque para os arenitos da Praia de Jaconé, provável área fonte dos artefatos de rocha arenítica encontrados pelo prof. Benedicto Francisco nos sambaquis de Saquarema, durante o desenvolvimento do Projeto Saquarema, coordenado por Lina M..Kneip. Destaque para as novas datações absolutas realizadas por Lúcia Guerra, usando uma nova metodologia em sambaquis do fundo da baia da Guanabara e no litoral de Sepetiba.
Benedicto Francisco informa que o Departamento de Identificação e Documentação do IPHAN vem desenvolvendo um projeto de formação de banco de dados de todos os sítios arqueológicos do Brasil. Através do Sistema de Gerenciamento de Patrimônio Arqueológico-SGPA, será possível acessar toda e qualquer informação acerca do patrimônio arqueológico brasileiro. O banco de dados inclui fichas relativas aos sítios arqueológicos e suas propriedades tais como localização, dados relativos ao meio ambiente circundante, informações sobre as pesquisas anteriores realizadas, documentação relativa aos sítios tais como relatórios de pesquisa, projetos de pesquisa, fotografias, desenhos, mapas, croquis e descrição minuciosa do sítio que engloba desde o tipo de sítio, tipo de solo, material encontrado até o seu estado de conservação. O acesso ao banco de dados ainda está em desenvolvimento e sua conclusão permitirá não só maior agilidade do trabalho dos arqueólogos em seus levantamentos, mas possibilitará que o IPHAN atue efetivamente na preservação de nosso patrimônio.


sexta-feira, 10 de outubro de 2008

O TERRENO CABO FRIO E SUA CONEXÃO




PALESTRA
Evolução tectônica do Terreno Cabo Frio e sua conexão com a Àfrica (*)
Renata da Silva Schmitt1

(*) DGRG- Faculdade de Geologia- UERJ (renatagondwana@uol.com.br

O Terreno Cabo Frio (TCF), localizado no sudeste do Estado do Rio de Janeiro, compreende duas unidades litotectônicas principais, um embasamento do Paleoproterozóico (2.0 Ga) e uma seqüência supracrustal do final do Neoproterozóico (600 Ma). Desde a década de 50, trabalhos científicos apontam para as diferenças do TCF em comparação com a Faixa Ribeira, tais como: a ausência de plutons brasilianos, as estruturas deformacionais dúcteis com orientação NW-SE (ortogonais à faixa), o metamorfismo de alta pressão (em contraste com a baixa pressão do terreno adjacente), a presença de um embasamento paleoproterozóico. Foi aventada a hipótese de que o TCF (também chamado de Domínio Tectônico de Cabo Frio, Bloco Cabo Frio) seria a expressão do Craton do Congo no Brasil. Dados mais recentes, obtidos a partir de mapeamento de detalhe e análises petrológicas, químicas e de geocronologia, comprovam que as duas unidades litoestratigráficas do TCF foram deformadas e metamorfisadas em fácies granulito durante o Cambriano (entre 525 e 490 Ma), num evento denominado Orogenia Búzios. Estas idades, mais jovens com relação ao dito auge colisional da Faixa Ribeira (entre 600 e 570 Ma), explicam parcialmente porque o TCF apresenta tantas diferenças, justamente por ser mais jovem e acrescionado mais tarde. Novos dados isotópicos reforçam a hipótese de que a seqüência supracrustal (Sucessão Búzios-Palmital) é um pacote de metassedimentos de origem marinha intercalados com metabasitos com protólitos do tipo E-MORB. Os zircões detríticos nos sedimentos e isócronas Sm-Nd nas rochas máficas indicam que a idade máxima desta bacia oceânica seria de 620 Ma. Isto significa que a bacia Búzios-Palmital estava em fase de abertura num período que grande parte das faixas móveis brasilianas estava em fase de compressão e transpressão. A inversão do movimento nesta bacia se deu em algum momento entre 600 e 530 Ma, sendo esta última idade do metamorfismo. Esta inversão foi acompanhada pela subducção parcial do pacote de supracrustais, levado a profundidade de no mínimo 30 quilômetros. A subseqüente colisão com o Cráton do Congo provocou também a inversão da estratigrafia trazendo nappes de cavalgamento do embasamento paleoproterozóico por sobre as rochas supracrustais. O limite do DTCF com a Faixa Ribeira ainda está em discussão. Na hipótese mais simples, o embasamento estaria empurrado por sobre rochas metassedimentares, sendo as rochas supracrustais da Bacia Búzios-Palmital contemporâneas às rochas supracrustais do terreno vizinho (Terreno Oriental) denominadas unidade São Fidélis. Sabendo-se que esta falha de empurrão, com vergência para NW, é atribuída à fase deformacional D3 do TCF, dificilmente ela será a sutura, pois não apresenta rochas máficas-ultramáficas. A ocorrência de plútons calcio-alcalinos de 580 a 560 Ma no terreno vizinho, intrudindo as rochas supracrustais da unidade São Fidélis, pode ser indicativa de que houve uma subducção para oeste, responsável pela acresção do TCF à Faixa Ribeira. A recente descoberta de orto e paragnaisses, correlacionáveis ao TCF, na margem oeste africana (Faixa Angolana) reforça a hipótese de que este terreno geológico está em contato com o Craton do Congo em Angola. Portanto não existem indícios de subducção relacionada à colisão do TCF para o lado africano. Além disso, este domínio guarda a sutura mais jovem dos eventos brasilianos no sudeste, sendo uma das cicatrizes continentais reaproveitadas durante o rifteamento mesozóico. A ocorrência de outros terrenos cambrianos nas regiões costeiras do Atlântico Sul pode corroborar com a existência de uma faixa móvel cambriana escondida sob a bacia do Atlântico.
(*) Palestra apresentada no Clube de Engenharia dia 25 de outubro de 2008.

Legenda das fotos:

1-Costão rochoso de Cabo frio com rochas de mais de 2 bilhões de anos (direita)
2-Voestspor - Rochas do SW da Africa (Namibia) correlacionáveis com SE do Brasil (esquerda)










quinta-feira, 9 de outubro de 2008

ARENITOS DE PRAIA NO ESTADO DO RIO

Especialista debateu arenitos de praia do Estado do Rio de Janeiro
A Diretoria de Atividades Técnicas, através das divisões técnicas de Engenharia do Ambiente (DEA), de Recursos Naturais Renováveis (DRNR) e de Recursos Minerais (DRM), promoveu no dia 25 de setembro a palestra “os arenitos de praia do Estado do Rio de Janeiro”, proferida pelo geólogo Benedicto Humberto Rodrigues Francisco, secretário da DEA.Segundo o engenheiro, os arenitos de praia, uma importante formação rochosa do período Quaternário, são conhecidos dos viajantes praticamente desde o descobrimento do Brasil pelos portugueses. Esses arenitos ocorrem submersos ou quase submersos no litoral brasileiro.
– Em 1964 foi realizada a primeira coleta de arenito de praia no litoral carioca, na altura do km 12 da Avenida Litorânea, no Recreio dos Bandeirantes pelo naturalista da Reserva Biológica A. C. M. Macedo. Em 1968, Macedo conseguiu fotografar o banco de arenito do litoral de Jacarepaguá e coletar amostras da rocha, atualmente depositadas no Setor de Estratigrafia do Museu nacional (UFRJ). Segundo o naturalista, trata-se de rocha semelhante a encontrada no litoral nordeste, na Bahia e Pernambuco, acrescentando que igual formação litológica encontra-se na Ilha de Cabo Frio Na mesma época Gorini & Muehe (1971) descreveram o arenito do Recreio dos Bandeirantes. Novas descobertas aconteceram nos anos seguintes, de modo que atualmente sabe-se da existência desses bancos ao longo do litoral fluminense, desde o norte até o sul – disse.
Benedicto Rodrigues explicou que, inicialmente foi utilizada a expressão beach rock, da literatura americana e européia, para caracterizar bancos de arenito jazendo na orla litorânea do nordeste brasileiro, onde recebem o nome de recifes (arrecifes).
– No litoral nordeste ocupa posições variadas em relação ao nível do mar. Os mais próximos à praia aparecem na baixa-mar, alguns penetram obliquamente praia adentro, enquanto outros já no domínio da antepraia, são apenas perceptíveis pela arrebentação. Em alguns pontos o topo é plano, em outros inclina-se em direção ao mar. Branner (1904), estudando essas formações denominadas reef stones, concluiu que seriam praias consolidadas por um cimento calcário veiculado por água doce. Mendes & Petri (1971) sugeriram que os “arrecifes de arenito” deveriam ser considerados mais como depósitos da plataforma do que da praia. Outros autores discutiram o assunto, mas prevalece o senso comum de que tais formações podem ser consideradas beach rock lato sensu.
HOLOCENO
O geólogo ressaltou ainda que Flexor & Martin (1979) estudaram “rochas de praia” no litoral baiano, e concluíram, após algumas datações absolutas, que os mesmos foram depositados no Holoceno, antes do nível do mar ter atingido o máximo de transgressão. O nível médio do mar esteve a cerca de 4,7 m ± 0,50 m acima do atual, quando a transgressão chegou ao máximo, a 5.100 anos atrás.
– Os arenitos do litoral baiano são quartzosos, com cimento calcário e restos de conchas de moluscos, principalmente. A estratificação varia localmente, assim como a textura. Alguns, como no caso do Rio Vermelho, apresentam nítida estratificação cruzada. Este depósito possui granulometria grosseira e conchas abundantes, podendo ter se originado no estirâncio da praia (FLEXOR & MARTIN, op. cit.). As idades obtidas pela datação de conchas selecionadas atingem cerca de 6.610 ± 120 anos e 6.635 ± 135 anos A. P. Para Flexor & Martin (op. cit.) o cimento teria sido gerado após a deposição em águas marinhas, ao contrário do que julgava Branner (op. cit.) que propunha água doce ( MENDES, 1984, p. 215). No litoral do Rio de Janeiro vem crescendo o número de ocorrências conhecidas. Em Ponta Buena, litoral de Campos, depósito de praia fóssil (arenito) com estratificação cruzada estão sobrepostos às argilas do grupo Barreiras (DIAS, 1981, p. 38-79). No extremo oposto, na baía de Sepetiba, ocorre arenito de praia citado por Francisco & Góes (1987). Ainda no litoral carioca a ocorrência do Recreio dos Bandeirantes foi discutida por Macedo (1971) e Gorini & Muehe (1971) – disse.
Em Cabo Frio, complementou, também existe um depósito dessa formação holocênica. Na Região dos Lagos a ocorrência é conhecida há mais tempo é a de Itaipuaçu, descrita por Muehe (1972), Muehe & Ignarra (1984), Souza (1988), Souza & Menezes (1990).
– Próximo a Saquarema, na praia de Jaconé, o palestrante Benedicto Rodrigues observou uma nova ocorrência durante o mapeamento geológico da região. Anteriormente, a primeira identificação de seixos de arenito de praia em sambaqui foi efetuada pelo geólogo ao analisar o material lítico do Sambaqui da Beirada, por solicitação da arqueóloga Lina M. Kneip (MN/UFRJ). Uma descrição dessas ocorrências, com destaque para a de Saquarema, foi apresentada pelo palestrante.

CAMINHOS GEOLÓGICOS

DRM-RJ quer difundir conhecimento geológico do Estado do Rio de Janeiro
As divisões técnicas de Engenharia do Ambiente (DEA), de Recursos Naturais Renováveis (DRNR) e de Recursos Minerais (DRM) realizaram, no dia 20 de maio, a palestra "Projeto caminhos geológicos do estado do Rio de Janeiro", proferida pela geóloga Kátia Mansur.Segundo ela, o Estado do Rio de Janeiro apresenta características especiais em relação à sua geologia. Tanto na região litorânea quando no interior é notável a ocorrência de monumentos geológicos. Muitas vezes estes monumentos estão localizados em regiões com alto potencial turístico, porém ainda pouco desenvolvidas. Pensando nisto, afirmou, o DRM-RJ, na sua função de Serviço Geológico Estadual, lançou em 2000 o Projeto Caminhos Geológicos, que desenvolveu painéis interpretativos sobre a evolução dos monumentos geológicos fluminenses, identificados como "Pontos de Interesse Geológico".
– O Projeto Caminhos Geológicos tem como objetivo promover a difusão do conhecimento geológico do Estado do Rio de Janeiro como base para a preservação de seus monumentos naturais, verdadeiro patrimônio de todos os cidadãos. Como Serviço Geológico Estadual, o DRM-RJ buscou nas universidades e centros de pesquisa o apoio científico para levar à sociedade o entendimento da evolução geológica do estado, como forma de ampliar as noções de respeito pela natureza.
O projeto foi implantado inicialmente em 2001, na Região dos Lagos, e hoje já conta com 67 painéis espalhados por 26 municípios do Estado. A linguagem utilizada procura buscar no cotidiano das pessoas as comparações com os fenômenos geológicos observados, de forma a "traduzir" a linguagem usada pela comunidade científica para o cidadão comum.– É uma iniciativa pioneira do Estado do Rio de Janeiro e tem como parceiros fixos a Turisrio e o Departamento de Estradas de Rodagem (DER). Também fundamental é a parceria científica desenvolvida com UFRJ, UERJ, UFRRJ, UFF e UNIRIO, empresas públicas e privadas, ONGs e prefeituras.

EROSÃO NO MÉDIO VALE DO PARAIBA DO SUL

Geólogos debatem erosão acelerada no médio Vale do Paraíba do Sul
As divisões técnicas de Engenharia do Ambiente (DEA), de Recursos Minerais (DRM), de Recursos Naturais Renováveis (DRNR) e de Geotecnia (DTG) promoveram, no dia 28 de maio, a palestra "Erosão acelerada no médio Vale do Paraíba do Sul, proferida pelo professor de geologia da UFRJ, Claudio Limeira Mello.
Segundo o especialista, a região do médio vale do rio Paraíba do Sul compreende um amplo compartimento de colinas, com típica morfologia de "mar de morros", predominantemente sobre rochas do embasamento pré-cambriano profundamente intemperizadas, entre as serras do Mar e da Mantiqueira. Nesta região, explicou, ocorre um importante conjunto de bacias sedimentares ditas "cenozóicas", que compõem o Rift Continental do Sudeste do Brasil, cuja origem está associada a importantes atividades tectônicas/neotectônicas.
– Intensos processos erosivos, de natureza variada, podem ser observados, com destaque para feições decorrentes da erosão linear acelerada em cabeceiras de drenagem em anfiteatro. Estudos que vêm sendo desenvolvidos nos últimos 25 anos pelo Núcleo de Estudos do Quaternário e Tecnógeno (NEQUAT, IGEO/UFRJ), sob a coordenação da Dra. Josilda Rodrigues da Silva de Moura, demonstram que a erosão linear acelerada nesta região configura-se como um processo natural de re-hierarquização da rede de drenagem, em resposta, em escala regional, a mudanças paleoclimáticas e neotectônicas ocorridas durante o Holoceno (últimos 10.000 anos), além da atuação, em escala local, de controles lito-estruturais, hidrológicos, morfométricos e antrópicos – disse.
Segundo o professor, a evolução dos sistemas de drenagem resultou em padrões distintos de cabeceiras em anfiteatro, tendo grande importância uma fase de entulhamento generalizado dos eixos de drenagem, que produziu amplas cabeceiras e sub-bacias entulhadas, onde são identificados os principais exemplos de erosão linear acelerada. Mapas de feições e sucessões deposicionais quaternárias, realizados segundo metodologia proposta nestes estudos, são base fundamental para a avaliação da suscetibilidade à erosão na região do médio vale do Paraíba do Sul.

JORGE BELIZÁRIO E OS JOVENS TALENTOS

Programa Jovens Talentos incentiva práticas científicas na rede estadual
As divisões técnicas de Engenharia do Ambiente (DEA), de Recursos Minerais (DRM) e de Recursos Naturais Renováveis (DRNR), promoveram, no dia 24 de abril, a palestra "Recuperação de área degradada pela mineração em Itaboraí: projeto Jovens Talentos". O palestrante foi o coordenador do projeto Jovens Talentos, da Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro (Cecierj), Jorge Belizário.
– O programa Jovens Talentos (JT) leva para a escola pública, através dos alunos selecionados, o conhecimento de práticas científicas desenvolvidas nas instituições de pesquisa de nosso estado que têm parceria com o programa. Assim, divulga-se a ciência e faz-se a integração entre a academia e a escola secundária. Até o final de 2007, tivemos em nossos quadros um total de 2574 jovens. No caso do Parque Paleontológico de São José de Itaboraí, os estudantes participam de atividades de divulgação e prestam informações ao público quanto à importância de se preservar tão importante patrimônio científico e cultural do estado do Rio de Janeiro – disse.
A Bacia de São José de Itaboraí, descoberta em 1928, é um importante monumento natural do Estado do Rio de Janeiro. Situada na localidade de São José, em Itaboraí, reúne registros de rochas que variam de 65-70 milhões de anos até depósitos mais recentes relacionados ao homem pré-histórico. Apesar de suas reduzidas dimensões é extremamente rica em fósseis. Ali, também foram encontrados vestígios da presença do homem pré-histórico, que têm sido utilizados em estudos que visam traçar o roteiro da ocupação humana nas Américas. Por ser praticamente o único sítio paleontológico emerso do território fluminense tendo sido objeto constante de estudo por parte de pesquisadores nacionais e estrangeiros ao longo dos anos

MARIA BELTRÃO E A IDADE DO HOMEM

Arqueóloga diz que o homem é muito mais antigo do que se pensa
As divisões técnicas de Engenharia do Ambiente (DEA), Recursos Naturais Renováveis (DRNR) e de Recursos Minerais (DRM) promoveu, no dia 23 de junho, a palestra "Arqueologia e geologia do Quaternário".Segundo a palestrante, arqueóloga Maria Beltrão (foto), talvez a maior missão da arqueologia seja elucidar a origem e o modo de vida das primeiras formações sociais – reconstituídas a partir dos vestígios dos nossos antepassados. As datações arqueológicas indicam que a existência humana e o domínio do homem no meio ambiente se deram a partir do período Quaternário – em torno de dois milhões de anos atrás.No entanto, a arqueóloga, que trabalha e estuda profundamente a distribuição dos primeiros homens sobre o planeta Terra, diz que o homem é muito mais antigo do que se pensa. Para ela, o homem vem deixando suas marcas sobre o planeta há quase três milhões de anos.Maria Beltrão também abordou a "alta antiguidade" que atribui ao Sítio de Itaboraí (RJ), localizado na bacia calcária de São José de Itaboraí. Esse sítio faz parte de um conjunto de outros sítios localizados nos bordos da bacia. Para a avaliação da idade deste sítio arqueológico, a arqueóloga utilizou os seguintes métodos relativos: método estratigráfico, método tipológico (tipologia dos artefatos), o método da deposição sobre os artefatos das manchas climáticas, a técnica da transformação do silte em argila e a técnica da transformação do ferro livre em ferro cristalizado.

ARQUEOLOGIA SUBAQUÁTICA NA GUANABARA

Arqueólogo subaquático fala sobre naufrágio de navio norueguês do século XIX
As divisões técnicas de Engenharia do Ambiente (DEA), de Recursos Minerais (DRM) e de Recursos Naturais Renováveis (DRNR) promoveram, no dia 9 de julho, palestra com arqueólogo subaquático Luiz Octávio de Castro Cunha. O tema foi "Arqueologia subaquática na baía de Guanabara – o soçobro do navio Goodvang, em 1891".
Segundo o palestrante, em março de 1987, após entendimentos entre a Base Almirante Castro e Silva (BACS) e o Serviço de Documentação da Marinha (SDM), na época ainda denominado Serviço de Documentação Geral da Marinha (SDGM), partiram três mergulhadores: o palestrante, o Capitão-Tenente (MG) Rollenberg e o SG (MG) Jaceguay, com a lancha nº 3 da Divisão de Escafandria (Div-K) em direção à entrada da barra da baía do Rio de Janeiro, para então investigar, seguido de um mergulho científico, o antigo navio norueguês de casco misto de ferro, aço e madeira "Goodvang", soçobrado em 1891, após colidir violentamente com as rochas da então Fortaleza da Laje, renomeada em 1953 como Forte de Tamandaré.
– É também uma das últimas fortalezas construídas pelos portugueses e adaptada através dos séculos por hábeis brasileiros após o advento da proclamação da República em 1889. Nesta expedição arqueológica subaquá-tica todavia, seriam então efetuados dois mergulhos distintos: o primeiro, certamente mais importante e mais difícil pelo local inusitado (a antiga fortaleza), e pelas características do naufrágio histórico que seria estudado e investigado in loco.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

MUSEU NACIONAL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO.
Museu mostra parte do seu acervo ao público.
O Museu Nacional do Rio de Janeiro mostra seu acervo permanente de maneira renovada. As salas que guardam a arte egípcia, greco-romana e a arqueologia brasileira foram reformadas. Tanto as obras que estavam expostas quanto as guardadas na reserva técnica foram higienizadas. Nenhum outro tratamento - nem de conservação das obras nem das salas - era dado desde a década de 40. Foram incluídas no acervo obras sobre a etnologia brasileira, totalizando 3 mil peças nas quatro exposições. Estão lá, por exemplo, o crânio de Luzia, fóssil da mulher de 10.000 de anos encontrada no Brasil; uma estátua da deusa grega Kouré, do período arcaico; e as tangas das índias marajoaras. Para aumentar ainda mais o valor do acervo, foram encontradas, em maio, 76 fotografias originais e inéditas. O autor das imagens, Marc Ferrez, acompanhou a expedição da Comissão Geológica do Império, em 1875, e ficou responsável pelo registro da viagem. As fotos foram descobertas numa das salas do museu pelo professor e geólogo Benedicto Rodrigues restauradas com o auxílio da Funarte.

sábado, 9 de agosto de 2008

A GRUTA DE ARAPEI- SP

A GRUTA DE ARAPEÍ- SP

Em Arapeí há um gruta em rocha dolomítica encaixada nos gnaisses.Antigamente fazia parte de Bananal.Com a emancipação do distrito de Arapeí Bananal perdeu o charme da sua gruta.


Uma pesquisa realizada por geólogos da UFRRJ mostrou o estado precário da gruta que é um importante ecossistema regonal. Alguns animais adaptados a viver sem luminosidade possuem características próprias como falta de olhos por exemplo.

Autoridades , ambientalistas, biólogos e espeleólogos precisam conhecer, estudar e preservar a Gruta de Arapei.

Hmberto Rodrigues

Professor, pesquisador, geólogo.