domingo, 21 de junho de 2009

Arenitos de praia

Especialista debateu arenitos de praia do Estado do Rio de Janeiro
A Diretoria de Atividades Técnicas, através das divisões técnicas de Engenharia do Ambiente (DEA), de Recursos Naturais Renováveis (DRNR) e de Recursos Minerais (DRM), promoveu no dia 25 de setembro a palestra “os arenitos de praia do Estado do Rio de Janeiro”, proferida pelo geólogo Benedicto Humberto Rodrigues Francisco, secretário da DEA.Segundo o engenheiro, os arenitos de praia, uma importante formação rochosa do período Quaternário, são conhecidos dos viajantes praticamente desde o descobrimento do Brasil pelos portugueses. Esses arenitos ocorrem submersos ou quase submersos no litoral brasileiro.
– Em 1964 foi realizada a primeira coleta de arenito de praia no litoral carioca, na altura do km 12 da Avenida Litorânea, no Recreio dos Bandeirantes pelo naturalista da Reserva Biológica A. C. M. Macedo. Em 1968, Macedo conseguiu fotografar o banco de arenito do litoral de Jacarepaguá e coletar amostras da rocha, atualmente depositadas no Setor de Estratigrafia do Museu nacional (UFRJ). Segundo o naturalista, trata-se de rocha semelhante a encontrada no litoral nordeste, na Bahia e Pernambuco, acrescentando que igual formação litológica encontra-se na Ilha de Cabo Frio Na mesma época Gorini & Muehe (1971) descreveram o arenito do Recreio dos Bandeirantes. Novas descobertas aconteceram nos anos seguintes, de modo que atualmente sabe-se da existência desses bancos ao longo do litoral fluminense, desde o norte até o sul – disse.
Benedicto Rodrigues explicou que, inicialmente foi utilizada a expressão beach rock, da literatura americana e européia, para caracterizar bancos de arenito jazendo na orla litorânea do nordeste brasileiro, onde recebem o nome de recifes (arrecifes).
– No litoral nordeste ocupa posições variadas em relação ao nível do mar. Os mais próximos à praia aparecem na baixa-mar, alguns penetram obliquamente praia adentro, enquanto outros já no domínio da antepraia, são apenas perceptíveis pela arrebentação. Em alguns pontos o topo é plano, em outros inclina-se em direção ao mar. Branner (1904), estudando essas formações denominadas reef stones, concluiu que seriam praias consolidadas por um cimento calcário veiculado por água doce. Mendes & Petri (1971) sugeriram que os “arrecifes de arenito” deveriam ser considerados mais como depósitos da plataforma do que da praia. Outros autores discutiram o assunto, mas prevalece o senso comum de que tais formações podem ser consideradas beach rock lato sensu.
HOLOCENO
O geólogo ressaltou ainda que Flexor & Martin (1979) estudaram “rochas de praia” no litoral baiano, e concluíram, após algumas datações absolutas, que os mesmos foram depositados no Holoceno, antes do nível do mar ter atingido o máximo de transgressão. O nível médio do mar esteve a cerca de 4,7 m ± 0,50 m acima do atual, quando a transgressão chegou ao máximo, a 5.100 anos atrás.
– Os arenitos do litoral baiano são quartzosos, com cimento calcário e restos de conchas de moluscos, principalmente. A estratificação varia localmente, assim como a textura. Alguns, como no caso do Rio Vermelho, apresentam nítida estratificação cruzada. Este depósito possui granulometria grosseira e conchas abundantes, podendo ter se originado no estirâncio da praia (FLEXOR & MARTIN, op. cit.). As idades obtidas pela datação de conchas selecionadas atingem cerca de 6.610 ± 120 anos e 6.635 ± 135 anos A. P. Para Flexor & Martin (op. cit.) o cimento teria sido gerado após a deposição em águas marinhas, ao contrário do que julgava Branner (op. cit.) que propunha água doce ( MENDES, 1984, p. 215). No litoral do Rio de Janeiro vem crescendo o número de ocorrências conhecidas. Em Ponta Buena, litoral de Campos, depósito de praia fóssil (arenito) com estratificação cruzada estão sobrepostos às argilas do grupo Barreiras (DIAS, 1981, p. 38-79). No extremo oposto, na baía de Sepetiba, ocorre arenito de praia citado por Francisco & Góes (1987). Ainda no litoral carioca a ocorrência do Recreio dos Bandeirantes foi discutida por Macedo (1971) e Gorini & Muehe (1971) – disse.
Em Cabo Frio, complementou, também existe um depósito dessa formação holocênica. Na Região dos Lagos a ocorrência é conhecida há mais tempo é a de Itaipuaçu, descrita por Muehe (1972), Muehe & Ignarra (1984), Souza (1988), Souza & Menezes (1990).
– Próximo a Saquarema, na praia de Jaconé, o palestrante Benedicto Rodrigues observou uma nova ocorrência durante o mapeamento geológico da região. Anteriormente, a primeira identificação de seixos de arenito de praia em sambaqui foi efetuada pelo geólogo ao analisar o material lítico do Sambaqui da Beirada, por solicitação da arqueóloga Lina M. Kneip (MN/UFRJ). Uma descrição dessas ocorrências, com destaque para a de Saquarema, foi apresentada pelo palestrante.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Geologia e Sociedade

DTES promovem mesa redonda sobre geologia e sociedade
A Diretoria de Atividades Técnicas, através das divisões técnicas de Recursos Minerais (DRM), Recursos Naturais Renováveis (DRNR) e de Engenharia do Ambiente (DEA) promoveu, no dia 29 de maio, a mesa redonda “Geologia e Sociedade”. Apresentaram palestras os geólogos Maria Hildes Goes, da UFRRJ, Benedicto Rodrigues, do CBA, e Rondom Mamede Fatá, do Cecierj e do CBA.
Segundo Benedicto Rodrigues, a geologia, desde tempos remotos, sempre foi de fundamental importância para a sociedade, pois quase todo material utilizado pela sociedade tem componentes proveniente do subsolo.
– O petróleo, por exemplo, desde sua descoberta não parou mais em sua escalada de utilização cada vez mais diversificada. O Brasil, cujas reservas de petróleo eram desconhecidas até meados dos anos 1950, com a criação da Petrobras em 1953, partiu firme para pesquisas em terra e depois na plataforma continental. Os resultados alcançados foram os melhores possíveis, levando à auto-suficiência no prazo previsto pelo geólogo Guilherme Estrella, diretor de Exploração e Produção da Petrobras. Consciente da importância da geologia para a sociedade, Estrella tem defendido a preservação do Parque Paleontológico de Itaboraí, antiga bacia-escola de geologia do Estado do Rio de Janeiro.
Maria Hilde de Barros Goes discorreu sobre gestão ambiental, mapeamento geológico de detalhe e manejo e uso do espaço geográfico de modo sustentado. Na exposição, a professora Maria Hilde abordou diversos projetos em andamento na UFRRJ.
– Com a abertura do novo curso de geografia na UFRRJ, os laços com a geologia se tornaram ainda mais estreitos, disse a professora, destacando também a importância do geoprocessamento na solução dos problemas ambientais da região de Itaguaí e Seropédica.O professor Rondon Mamede Fatá falou sobre descobertas e aplicações de materiais em geologia que às vezes passam despercebidos no dia-a-dia.
– Os alicerces de nossas casas são formados por rochas resistentes como granitos, sienitos, basaltos, entre outros. A montagem das estruturas das vigas, colunas e sapatas são de ferro proveniente do mineral hematita. Sem falar nas paredes, nas quais o mineral argila ou a rocha argilito são utilizados na composição dos tijolos, e na rocha calcário, utilizada para a formação do cimento, e na areia.

Geologia nos cursos de engenharia.

Professor analisa a Geologia no curso de Engenharia Civil
A Diretoria de Atividades Técnicas, através das divisões técnicas de Engenharia do Ambiente (DEA) e de Recursos Naturais Renováveis (DRNR), promoveu, no dia 31 de março, a palestra “A presença da disciplina Geologia no Curso de Engenharia Civil”, proferida pelo professor Rondon Mamede Fatá.Segundo ele, a Geologia não é considerada uma disciplina principal no curso de Engenharia, apesar de analisar as obras e os materiais que serão utilizados, direta ou indiretamente, pelo futuro profissional.– Três são os grandes problemas que foram observados e que ainda não foram resolvidos. Carga horária de apenas sessenta horas em um dos semestres. Portanto, mais de 50% do que é básico não será visto, prejudicando inclusive as disciplinas em que a Geologia é um pré-requisito, como Mecânica de Solos, que também é muito importante para a formação integral do aluno. Outro fator que resulta em problemas é a falta de materiais para as aulas práticas, principalmente nos cursos da rede privada. Os professores tem que se virar para arranjar os materiais. É preciso que seja feito também um trabalho de campo, que serviria para que o aluno demonstrasse a ligação da teoria à prática e também para ver in situ os exemplos dados em aula – ressaltou.Segundo Rondon Fatá, para uma melhoria substancial do curso de Engenharia Civil, a Geologia deveria estar presente em Introdução a Geologia Geral e em Geologia Aplicada à Engenharia Civil.

Arqueologia Brasileira

Mesa redonda debate panorama da arqueologia e homenageia professor Francisco Octávio
A Diretoria de Atividades Técnicas, através da Divisão Técnica de Engenharia do Ambiente (DEA), de Recursos Naturais Renováveis (DRNR) e de Energia (DEN) realizou, no dia 25 de novembro de 2008, a mesa redonda “Novas descobertas arqueológicas no estado do Rio de Janeiro (panorama atual da arqueologia)”, com a participação, entre outros, da presidente do Centro Brasileiro de Arqueologia (CBA), Catherine Beltrão, e das arqueólogas Maria Beltrão e Giselle Manes.Giselle Manes discorreu sobre os acontecimentos mais importantes que marcaram os 47 anos de existência do CBA, como a realização de expedições, pesquisas, palestras, exposições e seminários.– Dentre as atividades desenvolvidas pela entidade no passado estão as famosas expedições realizadas de 1961 a 1970 à Paraíba, para documentar a Pedra Lavrada do Ingá e de Picuí e à Roraima, para documentar a Pedra Pintada e as ruínas do Forte São Joaquim do Rio Negro. Vale lembrar que em uma dessas expedições à Paraíba, a equipe técnica do CBA encontrou um sítio paleontológico, na cidade de Taperoá, em cujas cacimbas foram encontradas fósseis de mamíferos do Quaternário, sendo parte desse material encaminhado à Divisão de Geologia e Paleontologia do Museu Nacional da UFRJ – disse.Segundo Maria Beltrão, dentre outras importantes realizações do CBA no presente está a realização do I Encontro Latino-Americano de Arqueologia (2005), em parceria com o Clube de Engenharia e com patrocínio do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), do Museu Nacional e da Fundação José Bonifácio e o apoio do Crea-RJ.
HOMENAGEMDurante a mesa redonda, a presidente do CBA, Catherine Beltrão, fez uma homenagem ao professor Francisco Octávio da Silva Bezerra.– A trajetória percorrida pelo homenageado, o grande e último presidente do CBA, deixou marcas indeléveis por onde passou: Petrobrás, Museu Nacional da UFRJ, Sociedade de Arqueologia Brasileira, Instituto de Arqueologia Brasileira, Centro Brasileiro de Arqueologia, Instituto Histórico e Geográfico de Niterói e Clube de Engenharia. O professor faleceu em 14 de fevereiro de 2008.Após a homenagem, foram mencionadas algumas das novas descobertas arqueológicas no Estado do Rio de Janeiro, como os estudos realizados por Alfredo José Altamirano, em Cabo Frio, e pesquisas em antigos engenhos do recôncavo da Guanabara, dirigidas por Ondemar Dias, entre outros. Novas datações absolutas estão em andamento, com destaque para os arenitos da Praia de Jaconé, provável área fonte dos artefatos de rocha arenítica encontrados pelo professor Benedicto Francisco nos sambaquis de Saquarema, durante o desenvolvimento do Projeto Saquarema, coordenado por Lina Kneip.– O Departamento de Identificação e Documentação do Iphan vem desenvolvendo um projeto de formação de banco de dados de todos os sítios arqueológicos do Brasil. Através do Sistema de Gerenciamento de Patrimônio Arqueológico (SGPA) será possível acessar qualquer informação acerca do patrimônio arqueológico brasileiro. O acesso ao banco de dados ainda está em desenvolvimento e sua conclusão permitirá não só maior agilidade do trabalho dos arqueólogos em seus levantamentos, mas possibilitará que o Iphan atue efetivamente na preservação de nosso patrimônio – explicou Benedicto Francisco.

GEOLOGIA E SOCIEDADE

Geodiversidade brasileira
Palestra por Cássio R. da Silva da CPRM>
As divisões técnicas de Engenharia do Ambiente (DEA), de Recursos Naturais Renováveis (DRNR) e de Recursos Minerais (DRM) promoveram, no dia 3 de dezembro, a palestra “Geodiversidade brasileira e a sua importância para o desenvolvimento do Brasil”, com o geólogo Cassio Roberto da Silva, do Serviço Geológico do Brasil – CPRM.
A palestra abordou temas como a evolução do planeta Terra; o surgimento e a extinção de espécies; a importância da água para a vida; as riquezas minerais, tanto no continente quanto no fundo marinho, e seus riscos geológicos. O especialista analisou o potencial para o geoturismo, a geoconservação e as aplicações destes conhecimentos em vários setores.
– Em vista das intervenções inadequadas no meio físico, têm ocorrido sérios problemas para a qualidade de vida e também para o meio ambiente. Somos totalmente dependentes das características geológicas dos ambientes naturais, ou seja, da geodiversidade, na medida em que dela extraímos as matérias-primas como minerais, água e alimento, entre outros, vitais para nossa sobrevivência e desenvolvimento social. É necessário assim, conhecer e entender todos os seus significados, já que uma vez modificados, removidos ou destruídos, quase sempre os aspectos da geodiversidade sofrerão mudanças irreversíveis – disse.
Para Cassio Roberto da Silva, a geodiversidade terá um papel fundamental no futuro do planeta.
– A geodiversidade contribui para a prevenção de desastres naturais e mudanças climáticas, para a melhoria da qualidade alimentar e na disponibilidade de água potável (monitoramento geoquímico), além de favorecer o fornecimento de energia tradicional e alternativa, de bens minerais a custos menores e como instrumento de planejamento, gestão e ordenamento territorial. Essas informações deverão ser intensamente utilizado nas políticas públicas governamentais.
(MAIS INFORMAÇÕES NO SITE DO CLUBE DE ENGENHARIA).